sexta-feira, 9 de maio de 2014

Afinal precisamos ter fé?

A pergunta do título poderá, sem dúvida, ser formulada do seguinte modo: a fé é uma determinada atitude dos humanos. Como tal, é bem começar por uma descrição breve das caraterísticas dessa atitude, que aliás são partilhadas por todos os tipos de fé, religiosa ou não, cristã ou não. Há algum tempo, quando católicos e luteranos assinaram uma importante declaração de aproximação a respeito de fé e obras, o debate se reacendeu. Há, nas duas facções, os que acreditam que a justificação vem exclusivamente pela fé e outro no valor das obras. Igualmente, há entre católicos e luteranos, quem julgue que a salvação ocorre através das boas obras, da caridade, etc. Que fé é esta? O que são “obras”? Existe, ainda, quem busque uma forma mista: fé e obras. Quem está certo? Onde está a razão? Nesses cinco séculos, houve como que uma “guerra santa” entre os dois grandes blocos cristãos que, convenhamos, não levou a nada. Hoje parece que há uma luz, embora tênue, a dar esperanças de uma aproximação. O que salva, efetivamente, a fé ou as obras? Entendo que a questão é mais semântica do que doutrinária. Se é verdade que a fé justifica e salva, também é verdade que não se admite uma fé estática, que não se traduz em gestos de partilha, acolhida e perdão, perfilados ao “mandamento novo”. A fé coerente é aquela que organiza a ação. A atitude humana que melhor pode descrever a atitude de fé é a da confiança. Ter fé é, no sentido mais básico, confiar em algo ou alguém diferente de nós mesmos. Assim, opõem-se-lhe duas atitudes: a da desconfiança total, que levaria, em muitos casos, ao desespero; ou a da autoconfiança total, ou seja, a da confiança apenas em nós mesmos. Portanto, a fé pressupõe capacidade de confiar e capacidade de confiar noutros. Ter fé é crer firmemente em algo, sem ter em mãos nenhuma evidência de que seja verdadeiro ou real o objeto da crença. Este termo vem do grego pi.stis, traduzido por confiança, firme convencimento. Assim, a palavra fé pode ser entendida como acreditar, confiar. A fé não demanda provas materiais, pode surgir sem nenhum motivo aparente, estar ligada a razões ideológicas, emocionais, religiosas, ou a outra razão qualquer. No contexto religioso, a fé é uma virtude daqueles que aceitam como verdade absoluta os princípios difundidos por sua religião. Ter fé em Deus é acreditar na sua existência e na sua onisciência. A fé é também sinônimo de religião ou culto. Por exemplo, quando falamos da fé cristã ou da fé islâmica. As experiências de cada um, intransferíveis e totalmente pessoais, dão origem a esta energia ou sentimento, ou como se queira definir a fé. Ela pode ser dividida com as pessoas à nossa volta na forma de narrativas históricas ou obras de arte, e até mesmo sob o aspecto de depoimentos espirituais, de vivência interior. Todos nós, segundo pesquisadores, temos no nosso íntimo, em estado latente, o poder da fé, ou seja, de tornar real tudo que desejamos alcançar, através do exercício contínuo da vontade determinada, contumaz, focada nos objetivos que almejamos concretizar. Atualmente, a literatura de auto-ajuda aposta justamente nesse potencial humano, na capacidade de alcançarmos tudo aquilo que aspiramos, por meio da exploração de condições ainda pouco conhecidas de nossa mente, entre elas a fé, mas que estão certamente presentes em cada indivíduo. Fé é uma palavra com origem no Latim "fides" que significa "confiança", "crença", "credibilidade". A fé é um sentimento de total crença em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa. É uma atitude contrária à dúvida e está intimamente ligada à confiança. Em algumas situações, como problemas emocionais ou físicos, ter fé significa ter esperança de algo vai mudar de forma positiva, para melhor. O melhor conceito cientifico de fé em todo o mundo está justamente na Bíblia, no livro de Hebreus 11:1. Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, Ou seja é a convicção do que não sabemos, nem podemos mostrar ou comprovar a sua existência. É a prova das coisas que não se vêem.. . Ou seja, como a existência do objeto de fé não pode ser vista, a própria fé se coloca no lugar da prova. Sendo assim se tal coisa existe ou não, e não pode ser provar, a fé basta como prova, ao menos para quem crê. É preciso descobrir e cada vez desenvolver mais um modo concreto de viver a fé Depois de falarmos em espiritualidade e na graça de Deus, torna-se imperioso estabelecer uma ligação delas com a fé. Os temas são indissociáveis. Se pela graça, Deus vem ao nosso encontro, amando-nos e adotando-nos como filhos, pela fé nós respondemos à sua graça, aderindo a seu projeto amoroso. Deste modo, a fé é nossa resposta aos dons de Deus. Nesse particular a fé é um mistério inefável, pois vê o invisível, espera o impossível e recebe o inacreditável. Nada é mais fantástico do que a fé. Quando me perguntam: a fé ou as obras?, Eu respondo: as duas! Primeiro a fé, e depois as obras dela decorrentes. Na verdadeira espiritualidade, fé e obras, são indissociáveis. Amar o próximo é praticar boas obras em nome da fé. Crer não é um sentimento, um mero acreditar, mas viver a fé e colocá-la em prática. Praticar obras não é exercer assistencialismo, mas transformar o mundo, não dando o peixe mas ensinando a pescar, praticando a caridade como meio de ensinar a autonomia ao individuo.

domingo, 25 de novembro de 2012

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O “Sagrado Matrimônio” e as Relações Humanas


Durante a vida escolhemos nossas paixões e amores, pautados muitas vezes em nosso desejo de resgatar no outro, o tão sonhado amor incondicional que se traduz na área da ilusão, como a mais pura e verdadeira forma de amar, o único e verdadeiro amor.

A primeira forma de amor que conhecemos é a forma de amor filial, o amor materno, talvez uma das mais belas formas de amar, e a única verdadeira. Trata-se da total disponibilidade, do amor incondicional. A mãe simplesmente ama seu filho, incluindo suas características boas e ruins; costumo dizer que a mãe ama o pacote completo. Seu amor, muitas vezes supera qualquer frustração e alcança a maior capacidade humana de perdoar que alguém pode sentir.

Lembremos que quando falamos da absoluta disponibilidade materna, nos referimos principalmente, aos primeiros meses de vida onde a ilusão da total onipotência vivida pelo bebê, é essencial para seu desenvolvimento emocional e tão necessária para viver a brecha entre a fantasia e a realidade. Neste tempo, amor é sinônimo de mistura,complementaridade e plena satisfação narcísea dos próprios desejos, para o bebê o outro existe apenas para ele, está a sua disposição, respira o ar que ele respira, ele e a mãe são um único ser, não há diferenciação ou limites claros.

O próximo passo para o desenvolvimento emocional é a vivência da frustração, a mãe totalmente disponível vai gradativamente e naturalmente frustrando o bebê na medida em que o bebê já tem condições de lidar com essa frustração. Este movimento materno (ou de quem faz esse papel), é extremamente importante para o bebê começar a diferenciar o que é ele e o que não faz parte dele (mãe) iniciando assim sua noção primária de existência e distanciamento.

Usando este momento do desenvolvimento emocional de todos nós como referência, podemos entender algumas formas de relação que continuam seguindo esse padrão, onde uma das partes por exemplo insiste em não acreditar que pode existir sem o outro; são os amores passionais onde mistura emocional e imaturidade afetiva ainda são entendidos ou traduzidos como amor.

Trazemos dentro de nós uma necessidade nata de completude que se torna preenchida num primeiro momento de nossa existência por esse amor materno. Varias pessoas em busca desse amor perfeito, muitas vezes se perdem quando acreditam que amor é sinônimo de anulação, quando confundem liberdade com desrespeito, intimidade com invasão, quando usam de chantagem emocional para suprir suas carências; e ainda quando deixam de viver seus outros papéis na vida: mulher, homem, profissional, filho, por exemplo, para ser exclusivamente em função do outro, tornando-se em vez parceiro ou parceira posse ou objeto do outro ou vice versa.

Algumas pessoas entendem o amor como algo quase mágico que mistura uma certa santidade /pureza com a total e plena devoção ao outro, e eu diria que estão presas ao mito do amor uterino. São relações que muitas vezes exigem um raio-X dos pensamentos e sentimentos, desejam, necessitam dos detalhes sobre os pensamentos e sentimentos do outro, um verdadeiro relatório contínuo e absoluto sem pulos, desvios ou mesmo titubeios sobre tudo que passa em sua mente, algo tão impossível racionalmente que geralmente só é confessado entre quatro paredes. Esse tipo de relação traz sofrimento e dor para ambos, parte de um entendimento equivocado onde amor é sinônimo de mistura e individualidade é sinônimo de desamor e traição.

O bebê só agüenta a frustração do afastamento momentâneo da mãe, quando tem dentro de si a segurança e a confiança de que ela não o abandonará e de que ele conseguirá sobreviver sem ela naquele momento.

Portanto, como nosso próprio desenvolvimento emocional nos ensina, o amor perfeito, ou melhor dizendo o amor saudável e equilibrado, recusa a auto-anulação, propõe a existência, a individualidade, o respeito ao outro, a solidariedade, o companheirismo, e a confiança mútua.

Metáfora das Mochilas


Recentemente ouvi uma metáfora sobre o comportamento humano muito interessante, era mais ou menos assim:

O ser humano caminha pelo mundo sempre em fila indiana. Carrega em sua jornada duas mochilas, uma na frente e uma em suas costas. Na da frente leva suas virtudes e qualidades e mantém seus olhos atentos a elas, na das costas leva seus defeitos e dificuldades. Carrega suas virtudes bem próximo ao peito, enquanto observa os defeitos e dificuldades do outro a sua frente, sem se dar conta que aquele que vem atrás, pensa o mesmo dele.

Este pequeno texto foi encaminhado por e-mail e o autor eu desconheço, mas achei que poderíamos a partir desta cena convidá-los a continuar desenvolvendo essa metáfora, sendo que talvez ela nos seja útil para entendermos alguns dos nossos comportamentos.

Essas mochilas fazem parte de nós. Durante nosso desenvolvimento emocional alimentamos nossas mochilas com nossos conhecimentos e desconhecimentos de nós mesmos. As confirmações e desconfirmações às quais somos submetidos todo o tempo, vão carregando-as, ora a da frente, ora a de trás. Elas são responsáveis, entre outras coisas, por nossa autopercepção, segurança interna e auto-estima que influenciam e moldam nossas propostas de relação.

Realmente trazemos dentro de nós esta difícil equação.
Como nos relacionarmos de forma positiva e saudável, sem enaltecermos demasiadamente as nossas qualidades negá-las ou envergonhar-se delas? A busca pela saúde emocional, nos leva a andar simplesmente, ora lado a lado, ora em nossa velha fila indiana, ora alternadamente, buscando relações simétricas e algumas vezes complementares, mas tentando olhar e aceitar nossas diferenças e similaridades que regem a intensidade do ser humano.

Quanto às dificuldades e defeitos, continuaremos a observá-los e a carrega-los, mesmo que andemos lado a lado. Precisamos de nossas mochilas traseiras para contrabalançar o peso que carregamos, mantendo nossas costas eretas e retas. Quando valorizamos demais nossas virtudes e nos cegamos aos nossos defeitos, tornamos nossa mochila da frente muito pesada o que obriga nosso corpo a dobrar-se para a frente e impede que vejamos com clareza nosso objetivo. Como conseqüência, passamos a observar e a valorizar atentamente cada pedra de nosso caminho, já que estamos totalmente inclinados e com nossa atenção voltada às pedras. Estas seriam comparadas aos sentimentos de inveja que atraímos para nós.

Se carregarmos demais nossa mochila das costas, exacerbando nossos defeitos e dificuldades, forçamo-nos a olhar para o céu, buscando um ideal, uma perfeição. Como resultado nos cegamos com o excesso de luz, perdendo o referencial de quem somos e do que é possível e desejado, e ficamos apenas com a lembrança de quem gostaríamos de não ser (nós mesmos). A insatisfação nos torna rígidos e exigentes, donos de uma autocrítica implacável e na maioria das vezes surge uma imensa solidão como resultado,.

Engana-se aquele que acredita que a saída está em negar a mochila das costas, pois não temos como descartá-la, ela faz parte de nós. Engana-se também quem acredita que a solução seja completar a mochila da frente, pois ela se tornará pesada demais e o resultado já conhecemos.

Talvez a saída esteja no entendimento que temos sobre o conteúdo de nossas mochilas, as duas faces de tudo, bom e mal intercalados e complementares. Aprender com nossos defeitos e dificuldades, conhecendo-os primeiramente, ou seja, passando-os da mochila de trás para a da frente, transformando-os em características e aceitando o seu lado positivo, é o movimento essencial do autoconhecimento. No começo pode tratar-se de uma jornada difícil, pois alguns passos parecem mais cansados e pesados, mas aprimorando nosso processo descobrimos que o que entendíamos como defeitos são velhos e conhecidos resultados presentes em muitos de nossa fila indiana.

E aí... Como se encontram as suas mochilas?

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A menina e o pássaro encantado


Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo.
Ele era um pássaro diferente de todos os demais: era encantado.
Os pássaros comuns, se a porta da gaiola ficar aberta, vão-se embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades… As suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava. Certa vez voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão…
— Menina, eu venho das montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco do encanto que vi, como presente para ti…
E, assim, ele começava a cantar as canções e as histórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.
Outra vez voltou vermelho como o fogo, penacho dourado na cabeça.
— Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. As minhas penas ficaram como aquele sol, e eu trago as canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.
E de novo começavam as histórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isto voltava sempre.
Mas chegava a hora da tristeza.
— Tenho de ir — dizia.
— Por favor, não vás. Fico tão triste. Terei saudades. E vou chorar…— E a menina fazia beicinho…
— Eu também terei saudades — dizia o pássaro. — Eu também vou chorar. Mas vou contar-te um segredo: as plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios… E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera do regresso, que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudade. Eu deixarei de ser um pássaro encantado. E tu deixarás de me amar.
Assim, ele partiu. A menina, sozinha, chorava à noite de tristeza, imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa dessas noites que ela teve uma ideia malvada: “Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá. Será meu para sempre. Não mais terei saudades. E ficarei feliz…”
Com estes pensamentos, comprou uma linda gaiola, de prata, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera. Ele chegou finalmente, maravilhoso nas suas novas cores, com histórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola, para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.
Acordou de madrugada, com um gemido do pássaro…
— Ah! menina… O que é que fizeste? Quebrou-se o encanto. As minhas penas ficarão feias e eu esquecer-me-ei das histórias… Sem a saudade, o amor ir-se-á embora…
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas não foi isto que aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ficando diferente. Caíram as plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio: deixou de cantar.
Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava. E de noite ela chorava, pensando naquilo que havia feito ao seu amigo…
Até que não aguentou mais.
Abriu a porta da gaiola.
— Podes ir, pássaro. Volta quando quiseres…
— Obrigado, menina. Tenho de partir. E preciso de partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro de nós. Sempre que ficares com saudade, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudade, tu ficarás mais bonita. E enfeitar-te-ás, para me esperar…
E partiu. Voou que voou, para lugares distantes. A menina contava os dias, e a cada dia que passava a saudade crescia.
— Que bom — pensava ela — o meu pássaro está a ficar encantado de novo…
E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos, e penteava os cabelos e colocava uma flor na jarra.
— Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje…
Sem que ela se apercebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado, como o pássaro. Porque ele deveria estar a voar de qualquer lado e de qualquer lado haveria de voltar. Ah!
Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama…
E foi assim que ela, cada noite, ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento: “Quem sabe se ele voltará amanhã….”
E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.

* * *

Para o adulto que for ler esta história para uma criança:
Esta é uma história sobre a separação: quando duas pessoas que se amam têm de dizer adeus…
Depois do adeus, fica aquele vazio imenso: a saudade.
Tudo se enche com a presença de uma ausência.
Ah! Como seria bom se não houvesse despedidas…
Alguns chegam a pensar em trancar em gaiolas aqueles a quem amam. Para que sejam deles, para sempre… Para que não haja mais partidas…
Poucos sabem, entretanto, que é a saudade que torna encantadas as pessoas. A saudade faz crescer o desejo. E quando o desejo cresce, preparam-se os abraços.
Esta história, eu não a inventei.
Fiquei triste, vendo a tristeza de uma criança que chorava uma despedida… E a história simplesmente apareceu dentro de mim, quase pronta.
Para quê uma história? Quem não compreende pensa que é para divertir. Mas não é isso.
É que elas têm o poder de transfigurar o quotidiano.
Elas chamam as angústias pelos seus nomes e dizem o medo em canções. Com isto, angústias e medos ficam mais mansos.
Claro que são para crianças.
Especialmente aquelas que moram dentro de nós, e têm medo da solidão…

Bibliografia e Comentário
As mais belas histórias de Rubem Alves

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Você sabe PERDOAR ?


Ao se falar em perdão, é comum nos remetermos quase de imediato a uma leitura religiosa, ou seja, o perdão sendo visto como unilateral, entendido como algo que doamos a alguém, um ato de desprendimento, generosidade e bondade com o outro, mas é mais do que isso...

Quando estamos magoados e feridos, os sentimentos mais presentes são a tristeza, a decepção e a raiva. Neste momento é difícil se pensar em perdão. Primeiramente há o momento de viver a própria dor, senti-la para depois resolve-la. Muitos tentam pular essa fase inevitável e como conseqüência apenas prorrogam seu próprio sofrimento.

A raiva é o mais primário dos sentimentos, pois é gerada pela frustração e pelo sentimento de impotência. Dela nasce o desejo de vingança como uma tentativa de diminuir a própria dor, mas a vingança é um sentimento traiçoeiro, pois se alia a seu adversário no momento em que sua vida passa a ser apenas um instrumento com o objetivo de atingir ou prejudicar aquele que lhe feriu. Facilmente a vingança torna-se seu senhor e você seu escravo. Trata-se de um ciclo vicioso e aparentemente sem fim.

Também não podemos esquecer que algumas pessoas são muito mais susceptíveis a mágoas e melindres que outras, possuem limiares diferentes, variando de acordo com sua personalidade, capacidade de percepção, capacidade de tolerar frustrações, entendimento de mundo, sensibilidade, ou seja, de acordo com sua saúde emocional. Uma mesma vivência é sentida , percebida e compreendida de forma diferente até mesmo entre irmãos, que supostamente foram criados sob as mesmas variáveis, o que dirá entre pessoas que possuem crivos diferentes.

Desde o nascimento, somos seres carentes de relacionamentos, o ser humano precisa se relacionar para se desenvolver emocionalmente. A família é o berço do desenvolvimento emocional, costumo dizer que é nosso útero social, pois é através dela que recebemos essa carga de crenças, entendimentos e leituras sobre o mundo. Nossas relações passam pelo crivo dessas crenças, pela forma de entender o mundo que nos cerca e de nos perceber enquanto pessoas, nossos direitos e responsabilidades.

Estamos sempre construindo e reconstruindo nossas idéias, num ciclo dinâmico, que pode ser saudável ou não. É claro que essas crenças trazem todos os preconceitos e dificuldades relacionais de nossos ancestrais, afinal ninguém pode dar aquilo que não tem.

Cabe a nós em nossa jornada acessar nossas fontes de saúde que são nossa criatividade e espontaneidade. Elas nos ajudarão a tentar o novo, a perdoar,a reconstruir, a olhar de outra forma a mesma questão, e a nos fortalecer, nos impulsionando para novos movimentos e experiências.

Relacionar-se é fácil quando encontramos pessoas que pensam e percebem o mundo como nós, ou seja se utilizam do mesmo fóco para avaliar os acontecimentos, mas a grande questão é quando nos deparamos com pessoas que possuem outros parâmetros e valores, neste caso, para que a relação seja possível, é necessária uma carga a mais de respeito ao outro a suas idéias e a seu ponto de vista e obviamente de respeito pessoal.

Num processo de autoconhecimento nossa leitura é feita a partir de um entendimento relacional, como sabemos, toda ação gera uma reação. Quando tomamos consciência de nossa parcela de responsabilidade naquilo que nos acomete, temos a possibilidade de nos tornarmos senhores de nossas vidas, mais autênticos e não mais escravos, cegos e perdidos diante dos acontecimentos. Não nos tornamos vítimas nem tão pouco vilões, apenas humanos conscientes dos reflexos de nossas atitudes. A raiva não é negada ou sublimada ela é canalizada para movimentos positivos que podem trazer crescimento e desenvolvimento pessoal, ela é transformada em energia positiva provedora de mudança e transformação.

ENTÃO O QUE É PERDOAR? Perdoar é realmente um ato de amor mas, não apenas amor ao outro, mas também ,amor a si próprio. É assumir a responsabilidade sobre os próprios atos e desejos, é perceber-se na dimensão do humano e como tal entender a sua significância. Perdoar é amadurecer emocionalmente é aprender que somos falíveis e imperfeitos, tal qual o outro com quem nos relacionamos e essa é a genialidade do ser humano. Não existem os certos e os errados, existe o olhar a partir de um ponto de vista e cada um tem o seu, portanto não existe A verdade, existem verdades á partir de realidades diferentes. O parâmetro é o respeito, o sentimento de cidadania, a ética e o amor.

Você é uma pessoa tímida?


Chamamos de timidez ao desconforto diante de situações sociais, que pode, algumas vezes, atrapalhar o indivíduo na conquista de seus objetivos, sejam eles pessoais ou profissionais.

Na prática, todos somos afetados pela timidez em alguns momentos de nossas vidas, uma vez que ela funciona como um "regulador social" para evitar os excessos que transformariam nossa sociedade em um verdadeiro caos.

A timidez pode ser situacional ou crônica:

Timidez situacional: a inibição se manifesta em ocasiões específicas, e portanto o prejuízo é localizado. Por exemplo, a pessoa não experimenta dificuldades no amor, mas morre de medo de falar em público. A timidez situacional é a mais fácil de ser vencida, pois neste caso o indivíduo já possui mais habilidades sociais do que o tímido crônico, e grande parte do tratamento consistirá no aprimoramento das habilidades já existentes.

Timidez crônica: a pessoa experimenta dificuldades em praticamente todas as áreas do convívio social. Ela não consegue falar com estranhos, fazer amigos, paquerar, falar em público, enfim, o prejuízo é generalizado. Nesse caso é necessário um desenvolvimento completo dos recursos necessários para a interação com o mundo.

Quando a timidez se torna patológica passa a ser denominada fobia social. A timidez patológica ou fobia social tem todas as características da timidez crônica, porém é ainda mais intensa, fazendo com que a pessoa passe a evitar a maior parte das situações que exijam exposição social (comer em restaurantes, usar banheiros públicos, freqüentar piscinas) e quando submetida a tais situações apresente sintomas como tremores intensos, sudorese, taquicardia náuseas e desconforto abdominal.

Com o que não deve ser confundida

A timidez não deve ser confundida com:

Fobia social, pois ela acarreta maiores prejuízos à vida do indivíduo e seus sintomas são mais intensos e incapacitantes;

Antipatia, visto que quando a esfera da timidez é ultrapassada, e a situação de ansiedade é superada o indivíduo pode se mostrar muito afável;

Personalidade anti-social, pois a timidez incomoda o indivíduo justamente por ela afetar seu relacionamento com outras pessoas, o que é indiferente para uma pessoa anti-social.

Sintomas

Inibição e passividade;

Auto-Imagem negativa (pensamentos negativos sobre si mesmo e as situações);

Baixa auto-estima e autoconfiança

Medo de avaliação negativa e de parecer "bobo" diante dos outros;

Insegurança (medo de fracassar, de ser rejeitado e parecer ridículo);

Preocupação excessiva com as opiniões e julgamentos alheios;

Pouco contato visual, baixo volume de voz, rubor e gagueira;

Reduzida expressão corporal;

Dificuldade de se apresentar;

Necessidade constante de inventar desculpas e de recusar convites;

Sentimentos de vergonha, tristeza e solidão;

Conseqüências mais comuns

Dificuldade em fazer amigos, círculo social extremamente reduzido;

Dificuldade em arrumar parceiros amorosos, início tardio da vida amorosa;

Dificuldade em apresentar trabalhos no colégio, faculdade ou serviço;

Dificuldade em participar de reuniões e apresentar seu ponto de vista.