segunda-feira, 28 de março de 2011

O extermínio do Sagrado e do Feminino na Cultura Moderna


A não integração dos valores que foram banidos da consciência pela cultura moderna, pode ser desastrosa para a humanidade. Presenciamos os ataques terroristas nos EUA de 11 de setembro de 2001, e em Londres no dia 7 de setembro de 2005, ou sob outra ótica, parcelas radicais do mundo árabe versus parcelas do mundo ocidental, revelam uma questão de fundo que é a desconexão do homem contemporâneo com sua espiritualidade.

A nossa cultura encontra-se extremamente identificada com o pensamento positivista. A visão do mundo é catastrófica, pois reprime através da racionalização e da lógica causal, todos os fenômenos que não podem ser entendidos por este prisma.O perigo desta visão é uma identificação com o suprapessoal na figura dos valores coletivos. O inconsciente não é apenas um fenômeno pessoal, mas também coletivo e, portanto, que as pessoas são influenciadas por um conjunto de forças extremamente atuantes e imperceptíveis. Desta forma, o homem moderno perdeu contato com sua vida instintiva.

Heidegger, bem disse: esquecemos que esquecemos do Ser e da totalidade. De que a cultura humana é parte de um processo muitíssimo mais antigo do que nós mesmos.Os deuses arquetípicos devem ser invocados para habilitar a humanidade a "sentir diferentemente" sobre o mundo, e uma grande mudança na atitude cultural deve ser efetuada, incluindo uma dramática mudança de atitude, a respeito do relacionamento da humanidade com seus pares, com o ambiente e o mundo físico.

A vida metafísica (ou espiritual), e o mundo foram esvaziados do verdadeiro significado religioso; o ser humano precisa refazer a experiência de re-ligação, de fusão, para recuperar suas raízes arquetípicas e experimentar sua identidade com a vida e com o Todo. Quando o feminino está ausente, ou, reprimido, em seu lugar surgem as teorias que “explicam” a vida de forma muito sintética e mecânica, - a falta de contato com a dimensão instintiva e emocional pode conduzir a atos desumanos e destrutivos. O grande poder do mito, é sua habilidade para mobilizar ações humanas e impulsionar respostas coletivas. Assim o desafio do feminino é fazer ouvir a sua voz interior, reivindicar seus talentos e dons, despertando o mundo. Leonardo Boff diz que o feminino "expressa a dimensão de ternura, cuidado, auto-aceitação, misericórdia, sensibilidade face ao mistério da vida e de Deus, cultivo da interioridade que existe e deve existir em toda existência humana que alcança um nível mínimo de maturidade”.


Assim, o feminino deve despertar o mundo para transformá-lo, através de um caminho individual, e, por conseguinte uma mudança interpessoal e uma evolução sócio-cultural, em uma jornada onde não estamos sós, aonde os deuses já trilharam antes de nós, e como Campbell nos aponta...”O labirinto é conhecido em toda sua extensão. Temos que seguir a trilha do herói, e lá, onde temíamos encontrar algo abominável, encontraremos um deus. E lá, onde esperávamos matar alguém, mataremos a nós mesmos. Onde imaginávamos viajar para longe, iremos ao centro da nossa própria existência. E lá, onde pensávamos estar sós, estaremos em companhia do mundo todo”.

Bibliografia sugerida:

Boff, Leonardo (1989) Saber cuidar - Ética do humano compaixão pela terra.São Paulo: Vozes.
Campbell, Joseph (1998) O Poder do Mito. São Paulo: Palas Athena. Neumann, Erich (1991) Psicologia profunda e nova ética. Coleção Amor e Psique. São Paulo: Paulinas.

Por Alexandre Yamazaki
Filósofo e Psicanalista

A Psicologia por traz do FICAR



O que é adolescência e como os jovens encaram e se comportam com o sexo oposto e também como lidam com os relacionamentos afetivos.

Todos nós passamos pela chamada fase da adolescência que é o período entre a infância e a fase adulta. Segundo a Organização Mundial da Saúde esse período é estabelecido entre os 10 e 20 anos de idade, já o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece outra faixa etária: dos 12 aos 18 anos. É um período no qual o indivíduo passa por muitas mudanças físicas, psicológicas e tem como características as chamadas “revoltas”, manias e várias outras atitudes. É nesse momento que os jovens começam a conhecer a relação entre um homem e uma mulher.

Existem vários tipos de relacionamentos afetivos, mas o “ficar” é o mais presente na vida desses jovens. Designa num relacionamento episódico e ocasional, na maioria das vezes com duração de algumas horas durante uma festa ou num momento de diversão. A prática mais comum envolve beijos, abraços e carinhos, tendo com característica importante a não implicação de compromissos futuros e é visto como algo passageiro, sem conseqüências ou envolvimentos.

Esse tipo de relacionamento tem características que coincidem com o comportamento desses jovens. Por ser algo que não implica em compromissos sérios significa que o adolescente não está pronto para assumir responsabilidades e eles encaram o “ficar” com muita naturalidade exatamente por esse motivo. Lembrando sempre que nos referimos aos adolescentes de uma forma em geral.

Porém, existe uma diferença entre meninos e meninas quanto à preferência ou não de “ficar”. Geralmente os meninos são mais adeptos a esse hábito enquanto que as meninas preferem namorar a “ficar”. Talvez isso demonstre que as meninas amadurecem mais cedo que os meninos. Seja qual for à preferência entre os sexos, o “ficar” é um modo de explorar e experimentar sentimentos, parceiros e situações de escolhas para tomada de decisões que exigem mais responsabilidade, pois muitos desses adolescentes relatam que o “ficar” é um primeiro contato que poderia levar a um namoro.

Por mais conservador que possa parecer nos dias de hoje, existe certa recriminação em relação àqueles que “ficam” com freqüência, principalmente para as meninas, pois elas são vistas como “galinhas”, “não-sérias” e “não confiáveis”, passíveis de rejeição tanto por parte dos meninos como das meninas.

O “ficar” é como um estágio para futuros relacionamentos afetivos, mas é preciso ter cautela e saber se preservar.

Referências Bibliográficas

BECKER, Daniel – “O que é adolescência”, Ed. BrasilienseZAGURY,Tânia – “O adolescente por ele mesmo”, Ed. Record

HARRISON, Michelle – “O primeiro livro do adolescente sobre amor, sexo e AIDS”, Ed. Artmed, 1996

Por Alexandre Yamazaki
Filósofo e Psicanalista