sexta-feira, 9 de maio de 2014
Afinal precisamos ter fé?
A pergunta do título poderá, sem dúvida, ser formulada do seguinte modo: a fé é uma determinada atitude dos humanos. Como tal, é bem começar por uma descrição breve das caraterísticas dessa atitude, que aliás são partilhadas por todos os tipos de fé, religiosa ou não, cristã ou não.
Há algum tempo, quando católicos e luteranos assinaram uma importante declaração de aproximação a respeito de fé e obras, o debate se reacendeu. Há, nas duas facções, os que acreditam que a justificação vem exclusivamente pela fé e outro no valor das obras. Igualmente, há entre católicos e luteranos, quem julgue que a salvação ocorre através das boas obras, da caridade, etc. Que fé é esta? O que são “obras”? Existe, ainda, quem busque uma forma mista: fé e obras. Quem está certo? Onde está a razão?
Nesses cinco séculos, houve como que uma “guerra santa” entre os dois grandes blocos cristãos que, convenhamos, não levou a nada. Hoje parece que há uma luz, embora tênue, a dar esperanças de uma aproximação. O que salva, efetivamente, a fé ou as obras? Entendo que a questão é mais semântica do que doutrinária. Se é verdade que a fé justifica e salva, também é verdade que não se admite uma fé estática, que não se traduz em gestos de partilha, acolhida e perdão, perfilados ao “mandamento novo”. A fé coerente é aquela que organiza a ação.
A atitude humana que melhor pode descrever a atitude de fé é a da confiança. Ter fé é, no sentido mais básico, confiar em algo ou alguém diferente de nós mesmos. Assim, opõem-se-lhe duas atitudes: a da desconfiança total, que levaria, em muitos casos, ao desespero; ou a da autoconfiança total, ou seja, a da confiança apenas em nós mesmos. Portanto, a fé pressupõe capacidade de confiar e capacidade de confiar noutros.
Ter fé é crer firmemente em algo, sem ter em mãos nenhuma evidência de que seja verdadeiro ou real o objeto da crença. Este termo vem do grego pi.stis, traduzido por confiança, firme convencimento. Assim, a palavra fé pode ser entendida como acreditar, confiar. A fé não demanda provas materiais, pode surgir sem nenhum motivo aparente, estar ligada a razões ideológicas, emocionais, religiosas, ou a outra razão qualquer.
No contexto religioso, a fé é uma virtude daqueles que aceitam como verdade absoluta os princípios difundidos por sua religião. Ter fé em Deus é acreditar na sua existência e na sua onisciência. A fé é também sinônimo de religião ou culto. Por exemplo, quando falamos da fé cristã ou da fé islâmica.
As experiências de cada um, intransferíveis e totalmente pessoais, dão origem a esta energia ou sentimento, ou como se queira definir a fé. Ela pode ser dividida com as pessoas à nossa volta na forma de narrativas históricas ou obras de arte, e até mesmo sob o aspecto de depoimentos espirituais, de vivência interior.
Todos nós, segundo pesquisadores, temos no nosso íntimo, em estado latente, o poder da fé, ou seja, de tornar real tudo que desejamos alcançar, através do exercício contínuo da vontade determinada, contumaz, focada nos objetivos que almejamos concretizar. Atualmente, a literatura de auto-ajuda aposta justamente nesse potencial humano, na capacidade de alcançarmos tudo aquilo que aspiramos, por meio da exploração de condições ainda pouco conhecidas de nossa mente, entre elas a fé, mas que estão certamente presentes em cada indivíduo.
Fé é uma palavra com origem no Latim "fides" que significa "confiança", "crença", "credibilidade". A fé é um sentimento de total crença em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa. É uma atitude contrária à dúvida e está intimamente ligada à confiança. Em algumas situações, como problemas emocionais ou físicos, ter fé significa ter esperança de algo vai mudar de forma positiva, para melhor.
O melhor conceito cientifico de fé em todo o mundo está justamente na Bíblia, no livro de Hebreus 11:1. Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, Ou seja é a convicção do que não sabemos, nem podemos mostrar ou comprovar a sua existência.
É a prova das coisas que não se vêem.. . Ou seja, como a existência do objeto de fé não pode ser vista, a própria fé se coloca no lugar da prova. Sendo assim se tal coisa existe ou não, e não pode ser provar, a fé basta como prova, ao menos para quem crê.
É preciso descobrir e cada vez desenvolver mais um modo concreto de viver a fé Depois de falarmos em espiritualidade e na graça de Deus, torna-se imperioso estabelecer uma ligação delas com a fé. Os temas são indissociáveis. Se pela graça, Deus vem ao nosso encontro, amando-nos e adotando-nos como filhos, pela fé nós respondemos à sua graça, aderindo a seu projeto amoroso. Deste modo, a fé é nossa resposta aos dons de Deus. Nesse particular a fé é um mistério inefável, pois vê o invisível, espera o impossível e recebe o inacreditável. Nada é mais fantástico do que a fé.
Quando me perguntam: a fé ou as obras?, Eu respondo: as duas! Primeiro a fé, e depois as obras dela decorrentes. Na verdadeira espiritualidade, fé e obras, são indissociáveis. Amar o próximo é praticar boas obras em nome da fé. Crer não é um sentimento, um mero acreditar, mas viver a fé e colocá-la em prática. Praticar obras não é exercer assistencialismo, mas transformar o mundo, não dando o peixe mas ensinando a pescar, praticando a caridade como meio de ensinar a autonomia ao individuo.
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