domingo, 16 de janeiro de 2011
Obesidade: doença ou padrão de beleza?
Segundo a Medicina Clássica a obesidade é o resultado de aspectos genéticos, ambientais e compotamentais. Mas independente das causas, o ganho de peso está sempre ligado ao aumento da ingestão de alimentos e à redução do gasto energético dessa ingestão, que pode estar ligado a características genéticas ou a uma série de distúrbio clínicos e endócrinos. A obesidade é fator de risco para uma série de doenças ou distúrbios. Isso faz com que o obeso tenha menos expectativa de vida, principalmente quando é portador de obesidade mórbida.
Para muitos Psicanalistas, entre diversas pessoas que procuraram acompanhamento terapêutico para redução e controle de peso, existe uma quantia ínfima, que considerasse o ato de "comer", exclusivamente como prazer ou necessidade orgânica/ física. Quero dizer com isto, que quem sofre com este tipo de distúrbio alimentar, quase sempre, possui razões muito mais profundas que mera "gula". E infelizmente, com a mesma freqüência, é julgado injustamente.
No Brasil, 40% da população têm o diagnóstico de excesso de peso, a maior incidência está entre os adultos, e entre estes, as mulheres. As maiores causas apontadas: sedentarismo, comilança e stress, depois em menor escala: distúrbios orgânicos que levam involuntariamente ao aumento de peso. A Psicanálise não se prende ao ponto de vista estético, físico/ patológico, mas sim a representação simbólica da obesidade e os fatores psicoemocionais que levam a ela. Hoje (nem sempre foi assim) a sociedade sugere que o modelo idealizado é ser magro, e isto coloca esta população de 40% numa condição marginal aos padrões ideais.
No entanto, para a Psicanálise a obesidade só se classifica como um sintoma, a partir do momento que incomoda ao próprio sujeito, do contrário, não. “Comer somente o necessário” está na contramão da programação genética humana, quando pensamos que descendemos de uma civilização primitiva, em que a regra máxima era comer, armazenar energia, para garantir a sobrevivência até a próxima oportunidade de refeição. É muito importante explicar que traçar o vínculo acima não deve servir para legitimar a compulsão pela comida, mas sim para reforçar que a luta contra a compulsão deve ser intensificada porque estamos enfrentando, inclusive nossa própria natureza, obsoleta para nossa realidade, já que hoje o alimento está disponível em maior escala que na pré-história dos antepassados. A grande questão para quem sofre deste tipo de compulsão, ou seja, para quem sente a necessidade “desnecessária” de comer, é perguntar-se: por que estou comendo, o que estou tentando saciar, já que a fome não é? Parece uma disposição óbvia e por isto ineficaz, e admito que para uma grande maioria, de fato é.
Mas questionar-se é o mais importante e o primeiro passo para a compreensão deste “sintoma psicológico”. Dentre as respostas sob a ótica Psicanalítica podem estar (alguns exemplos hipotéticos): - um mecanismo de defesa, criado a partir de um evento traumático, quando há a necessidade de se pôr a margem desta sociedade, a negação em fazer parte dela;- autopunição, usar o próprio corpo como forma de castigar-se inconscientemente por algo;- tentativa de saciar uma fome não orgânica, mas emocional. Comer para tentar preencher um “espaço vazio”;- comer como forma de prazer, porque outras formas são ineficazes ou inexistentes;- conflito inconsciente, arraigado a partir da infância, já que quando se é bebê ou até poucos anos de idade, ser “gordinho” é bonito e “sinal de saúde”, de repente, deixa de ser, e vêm os regimes. Isto, além de ilógico, é cruel. Um exemplo prático, dos exemplos acima é: quando se faz uma cirurgia para redução de estômago, é imprescindível o acompanhamento Terapêutico, não só para ajudar na elaboração (idéia de si mesmo) da nova forma física, mas para impedir que outros transtornos tenham início.
Se, comer constitui a principal fonte de prazer e ela é inibida, isto pode resultar numa inexplicável depressão. Bem, as abordagens acima, são apenas para ilustrar como os fatores psicoemocionais podem influenciar, quando o excesso de peso é indesejado pelo sujeito. Diferentemente dos preceitos sociais, a Psicanálise não classifica padrões e nem julga modelos, ela busca fazer com que o sujeito tome contato, identifique-se e harmonize-se com seus próprios desejos, neste caso, sejam eles: “gordo ou magro”.
Solidão e Melancolia
Se você pode se imaginar à parte todo o invólucro material, adereços e formatos, cores e estéticas que a vida lhe possibilita, vai perceber que o que resta é um princípio único e individualíssimo a que podemos chamar de consciência. Isso é o que somos de verdade. Nada mais.
Somos o que pensa, sente, percebe e intui. Podemos comunicar a qualidade desses conteúdos simplesmente com nossa presença, ainda que silenciosa.
Há quem esteja às voltas com a busca de alguém que lhe abasteça o vazio de ser único. Pode inclusive chegar à certeza de que de fato encontrou outro ser. Este se presta ao disfarce da inequívoca sensação de ser só. Mas não tardará a entender que ninguém completa algo que já é completo e individual: a individualidade a que chamamos segundo Freud consciência. Desfrute à parte, porque é essencial e saboroso compartilhar, somos sós.
Então, cabe mesmo ao próprio dono do RG identificar a condição soberana que lhe é dada, de ser ele mesmo. E refletir sobre o que pode fazer com isso.
Há pelo menos duas conhecidas dimensões humanas típicas da condição individual do ser.
- Quem já conheceu nas próprias entranhas a dolorosa solidão, conhece a dimensão infeliz de ser só. Dói fisicamente também, porque afeta todo nosso sistema vivo. Tudo em nós é interdependente. Daí porque tudo se afeta dentro de nós.
- Mas, uma das mais sábias atitudes mentais que se pode desenvolver ao longo da vida é o aprendizado da outra dimensão de ser só. A dimensão que podemos chamar de sozinhez. Esta é uma condição que tende a ser mais voluntária. Depende da qualidade da vontade de experimentá-la.
A sozinhez é uma condição, desenvolvida ou congênita, de estar só de forma Nutritiva e Reflexiva. Diferente de passar um lindo dia no shopping sozinho, ou na frente do micro ou numa longa viagem a sós. Podemos realizar altos investimentos em nossa condição individual sem, entretanto, conseguir alcançar a sozinhez. Esta é uma possibilidade humana, que aos animais não é dada, tampouco às lindas plantas do seu jardim.
Mas se você conseguir experimentá-la de fato, vai compreender que a condição nutritiva e reflexiva da sozinhez traz repercussões criativas na forma de sentir, pensar e agir. Podemos ser mais interessantes para nós mesmos do que supúnhamos. É desta fonte que vai jorrar o néctar essencial que lhe torna invulgar, não, pasteurizado. Se não conseguimos conhecer nossa singularidade será entediante e solitário ser grupo ou casal.
Indicação de Leitura do tema
Livro: A SOLIDÃO DOS NÚMEROS PRIMOS
Autor: Paolo Giordano
Editora : Rocco
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Janus, Janeiro e o inicio ano.....
A etimologia é clara: a palavra janeiro deriva do latim januariu, que identifica o mês do deus Janus, divindade das portas e portões, das entradas e saídas e do princípio e do fim. Seria, portanto, quem presidiria ao começo do novo ano, motivo pelo qual o primeiro dos doze meses tem adequadamente o seu nome.
Jano Pater para os romanos e um dos deuses mais antigos do panteão latino, ostenta títulos como Geminus, Patulcius, Clusius, Matutinus e Consivius, os quais reforçam os seus atributos de origem das coisas e de divindade dos começos. Figura entre os reis míticos de Roma e atribui-se-lhe uma Idade de Ouro de completa honestidade entre os homens, abundância e paz e a autoria de avanços civilizacionais como a navegação, a moeda, as primeiras leis e o cultivo do solo. Durante a guerra de Rómulo contra os sabinos - causada pelo rapto das mulheres destes - diz a lenda que o deus interveio para salvar Roma, fazendo brotar na colina do Capitólio uma nascente de água quente que jorrou em direção aos atacantes. Com base nesta história e por iniciativa do imperador Octávio Augusto, os romanos preservaram a tradição de manter abertos os portões do templo de Janus em tempo de guerra, caso o deus desejasse intervir.
Na qualidade de guardião de todas as portas, ele protegia o lar, presidia a ritos de passagem, era invocado na abertura das cerimonias religiosas, no início de projetos e de campanhas e em muitas outras ocasiões que constituíssem novos começos. Janus era o deus dos portões e portas. Ele era representado por uma figura com duas faces olhando em direções opostas. Seu nome é o radical da palavra inglesa "January" que significa Janeiro (o mês que "olha" para os dois anos, o que passou e o novo ano).
Em Roma, os templos dedicados a Janus eram numerosos, o mais importante é conhecido como o Geminus Ianus, com uma estrutura em portão, dupla (uma porta de frente para o sol nascente e o outro, o sol poente), encontrada no Fórum Romanum através do qual os legionários romanos marcharam para a batalha. Este templo teve uma serventia particular, uma função simbólica. Quando as portas do templo eram fechadas, significava que a paz reinava dentro do Império Romano. Quando os portões eram abertos, isso significava que Roma estava em guerra. Entre os reinados de Numa e Augusto, os portões foram fechados apenas uma vez. Janus também tinha um templo no Fórum Olitorium e algum tempo durante o primeiro século, outro templo foi construído em sua honra no Fórum de Nerva. Este templo em particular, tinha quatro portais conhecidos como Quadrifons Ianus.
Assim, agora que estamos nos primeiros dias de Janeiro de 2011, o Universo Filosófico presta com esta entrada a sua homenagem ao deus Janus, saudando-o com um adoratio virtual, e sugere esta página a quem queira honrá-lo com um elaborado e pagão ritual romano, mas nunca soube como.
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