Você me faz correr demais
Os riscos desta Highway
Você me faz correr atrás
do horizonte desta Highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto
Deserta highway
Estamos sós e nenhum de nós
Sabe exatamente onde vai parar
Mas não precisamos saber pra onde vamos
Nós só precisamos ir
Não queremos ter o que não temos
Nós só queremos viver
Sem motivos nem objetivos
Estamos vivos e isto é tudo
E sobretudo a lei
Da infinita Highway
Quando eu vivia e morria na cidade
Eu não tinha nada, nada a temer
Mas eu tinha medo, medo desta estrada
Olhe só, veja você
que eu vivia e morria na cidade
Eu tinha de tudo, tudo ao meu redor
Mas tudo que eu sentia era que algo me faltava
E a noite eu acordava banhado de suor
Não queremos lembrar o que esquecemos
Nós só queremos viver
Não queremos aprender o que já sabemos
Não queremos nem saber
Sem motivos nem objetivos
Estamos vivos e é só
Só obedecemos à lei
Da infinita highway
Escute, garota, o vento canta uma canção
Dessas que a gente nunca canta sem razão
Me diga, garota: "Será o corpo uma prisão?"
Eu acho que sim, você finge que não
Mas nem por isso ficaremos parados
Com a cabeça nas nuvens e os pés no chão
Tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre
Se tanta gente vive sem ter como viver
Estamos sós e nenhum de nós
Sabe onde quer chegar
Estamos vivos sem motivos
Que motivos temos para estar?
Atrás de palavras escondidas
Nas entrelinhas do horizonte
Desta highway (?)
Silenciosa highway
Eu vejo o horizonte trêmulo
Tenho olhos úmidos
Eu posso estar completamente enganado
Posso estar correndo pro lado errado
Mas a dúvida é o preço da pureza
É inútil ter certeza
Eu vejo as placas dizendo "não corra"
Não morra, não fume
Eu vejo as placas cortando o horizonte
Elas parecem facas de dois gumes
Minha vida é tão confusa quanto a América Central
Por isso não me acuse de ser irracional
Escute, garota, façamos um trato
Você desliga o telefone e eu fico muito abstrato
Eu posso ser um beatle
Um beatnik ou um bitolado
Mas eu não sou ator
Eu não tô à toa do teu lado
Por isso, garota, façamos um pacto
de não usar a highway pra causar impacto.
110,120,160.
Só pra ver até quando o motor aguenta.
Atrás de palavras um chiclé de menta
e a sombra do sorriso que eu deixei,
na silencionsa highway
sábado, 17 de outubro de 2009
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Medo e Psicanalise

O medo é uma emoção intrínseca ao humano. Trata-se de uma emoção que acompanhou o curso evolutivo do homem, provavelmente, desde os primórdios da vida. O feto humano já reage com contrações quando estimulado no útero. Isso quer dizer que já no desenvolvimento intra-uterino o ser humano apresenta sinais de conduta individualizada que é o comportamento inibitório. Conhecemos esse comportamento com o nome de medo.
O medo é psicofísico. Toda vez que sentimos medo, imediatamente, nosso organismo apresenta reações características desse sentimento. Dependendo da intensidade do medo, podemos ter uma paralisação momentânea das funções cardíaca e respiratória. A seguir o coração dispara e a respiração acelera. Sobrevêm a palidez que é proveniente da retirada de sangue dos vasos periféricos. O suor pode inundar a pele. Se pudéssemos olhar o corpo internamente, dentre outras reações, poderíamos observar que as alças intestinais se dilatam e cessam as atividades motrizes do estômago. A secreção gástrica fica paralisada e relaxam-se todas as fibras musculares lisas em toda a extensão do tubo digestivo. Há uma abundante liberação de adrenalina na corrente sangüínea. Os vasos sanguíneos se contraem. Continuar...
O medo é, portanto, a mais visceral e talvez a mais antiga emoção do homem. O medo foi necessário para que a espécie humana se preservasse e, sem ele, provavelmente, seríamos uma espécie extinta há muito. Sempre que o ser humano se depara com uma situação que desperta medo, tende a fugir. Mas o homem não foge só porque tem medo, mas também, para livrar-se do sentimento de medo. Essa fuga, ao contrário do que possa parecer, não é uma atitude passiva, mas sim ativa onde o homem apropria-se de seus recursos para superar uma situação de perigo e dela libertar-se, preservando a vida. Entretanto esse comportamento pode ser interpretado de duas maneiras: Por um lado evita que o homem sofra alguns males colocando-o a salvo, por outro, impede que enfrente situações de conflitos que poderiam leva-lo a êxitos que ampliariam seu repertório experimental. Na timidez, por exemplo, as pessoas se protegem de um mal imaginário e ficam impedidas de viver plenamente as experiências que um contato afetivo poderia trazer.
Todos nós, ainda que não tenhamos nos detido para observar, sabemos que o medo é um dos mais eficientes professores que temos. Faz nos aprender com uma velocidade desconcertante. Vejamos um exemplo: Suponhamos que uma criança jovem está andando no quintal de sua casa e é mordida pelo seu cão. Durante muitos meses aquela situação traumática ficará na memória de forma a determinar o medo e a reação de fuga diante de qualquer cão. Ou seja, a criança ficará durante muito tempo aguilhoada pelo medo.
Só com o passar do tempo e na medida em que puder experimentar situações onde se certifique de que nem todos os animais reagem de forma agressiva e que a criança vai, paulatinamente, ganhando confiança para então diminuir o medo. Entretanto, há situações em que é muito difícil erradicar completamente o medo. Muitos medos se imprimem na mente de forma cumulativa e não puntiforme como o exemplo que utilizamos acima, tornando-se assim mais difíceis de serem identificados e tratados.
O medo exerce grande influência sobre tudo no psiquismo humano. Esse sentimento tem atravessado o tempo com o homem e ajudou-o a tecer sua história não só no sentido do progresso como também no sentido da maldade e da destruição. No sentido do progresso pode-se dizer que o medo fez com que o homem criasse cada vez mais condições para preservar-se. Criou recursos para proteger-se das feras, da fome e da instabilidade do tempo e de sua própria espécie. Saiu das cavernas para as choupanas, destas para casas de alvenaria e posteriormente criou castelos com altos muros e grossas paredes. Descobriu as ervas que curavam e muito mais à frente criaram-se os remédios que prolongam a vida. Criou armas, cada vez mais sofisticadas para a caça e defesa.
Indicações Bibliográficas
“A Negação da Morte”, Ernest Becker, Nova Fronteira, 1976.
“Ano 1000, ano 2000: na pista de nossos medos”, Georges Duby, Editora Unesp, 1998.
O autor faz uma revisão histórico e social da Idade Média, em relação aos ao Medos contemporâneos. Feito em cinco capítulos onde fala da Miséria, Medo do Outro, das Epidemias, da Violência e do Além.
“O Medo à Liberdade”, Erich Fromm, Zahar Editores, 1978.
A Justiça Social e seu elo com a educação



Muitos hoje em dia falam em "justiça social"; alguns chegam mesmo a alegar que seja alguma espécie de direito humano imprescindível. Mas o que significa essa tal "justiça social"?
O próprio termo é equívoco, invertendo a ordem natural das coisas. Afinal, o termo "justiça" pareceria indicar que atualmente ocorre uma "injustiça" - que a distribuição supostamente natural eqüitativa dos recursos teria sido deturpada por capitalistas ávidos e/ou plutocratas malvados e/ou a classe média egoísta, de modo que alguns sempre ganhem injustamente mais do que outros. De acordo com os apólogos da tal "justiça social", os recursos deveriam ser distribuídos de modo mais igualitário entre todos os cidadãos de um país, ou, nos casos mais extremos, entre todos os habitantes do mundo.
Uma das mais importantes funções da escola é interagir e articular-se com as práticas sociais, e ao mesmo tempo, relacionar-se ao mundo econômico, político, cultural, e, ser uma fortaleza contra a exclusão social.
Gradualmente a escola deve tornar-se uma síntese entre a cultura experimentada e vivenciada no cotidiano, nas relações entre os pares, nos meios de comunicação, na família, no trabalho, enfim em todas as instituições que educam de maneira informal, e a cultura formal de conhecimentos sistematizados, cujo cerne está na escolarização (processo dentro de uma escola).
O professor tem aí seu espaço, com o papel fundamental de introduzir os alunos nos aspectos significativos da cultura e da ciência, como facilitador do conhecimento e mediador das ações interacionais. A importância da aprendizagem escolar encontra-se no subsídio pedagógico do professor, onde os alunos se apóiam para tomar conhecimento e formar idéias próprias sobre as informações que recebem provenientes da televisão, do jornal, dos vídeos, do computador, da cultura paralela ou extra-escolar. Assim, com o auxílio do professor se abastecem de ferramentas conceituais para analisarem a informação criticamente e atribuírem um significado pessoal e social. É nesse momento que, a escola fará a síntese entre a cultura formal (dos conhecimentos sistematizados) e a cultura vivenciada no cotidiano.
Essa escola deverá preparar-se para a sociedade tecnológica e informacional, implicando saber tomar decisões, interpretar e entender informações, ter caráter de pesquisa, saber trabalhar no coletivo, interferindo criticamente na realidade e transformando-a, preparando para a cidadania crítica.
O aluno, desta sociedade globalizante deve tornar-se um sujeito pensante (capacidades cognitivas, sociais e afetivas), visando ao desenvolvimento do refletir, de maneira que aprenda a construir e reconstruir conceitos, habilidades, atitudes, valores para resolver problemas, dilemas e circunstâncias da realidade.
Como não poderíamos deixar de citar o desenvolvimento integral dos educandos, o ensino/aprendizagem deve respeitar as individualidades, compreendendo que cada ser é único e auxiliando a se prepararem para serem sujeitos de sua história, praticando o respeito consigo mesmo. A escola da era da globalização, tecnologia e informação deve preparar o educando para intervir criticamente na realidade para transformá-la e não apenas para integrar-se ao mercado de trabalho. Esse aluno deverá ter o perfil do cidadão engajado na luta pela justiça social, pela solidariedade humana e para o exercício da cidadania compromissada com o bem comum, abrangendo questões raciais, das minorias culturais, da violência, do meio ambiente, das formas de exclusão social e, das formas de exploração do trabalho humano que ainda acontecem na sociedade capitalista.
O fortalecimento das lutas sociais e a vitória da cidadania dependem de uma abrangência, cada vez maior, de pessoas que possam tomar parte das decisões fundamentais que dizem respeito aos interesses individuais e coletivos. Aceitar sem discriminação a diversidade é o primeiro identificador para a luta pelos direitos humanos. É referência fundamental de mudança de mentalidade, de modificação da configuração do pensar, de sentir, de conduta em relação
domingo, 13 de setembro de 2009
O luto na perspectiva Freudiana
O luto é um processo mental destinado à instalação de uma perda significativa na mente. Segundo Kaplan (1997), o luto sem complicações é visto como uma resposta normal em vista da previsibilidade de seus sintomas e seu curso. O luto inicial manifesta-se freqüentemente por um estado de choque, podendo ser expresso como um sentimento de topor e de completo atordoamento. A parte perceptível deste processo se caracteriza, inicialmente, pela repetida rememoração da perda sempre acompanhada do sentimento de tristeza e de choro, após o que a pessoa acaba se consolando. Evoluindo,o processo passa a ser de rememoração de cenas agradáveis e desagradáveis, nem sempre seguidas de tristeza e choro, mas sempre com a consolação final. Kaplan (1997), segue comentando que é um processo sempre lento, longo e acompanhado de graus variáveis de falta de interesse pelo mundo exterior (tristeza), que vão diminuindo conforme o processo avança. O processo vai gradualmente se extinguindo com desaparecimento da tristeza, do choro e instalação da consolação e volta do interesse pelo mundo exterior. No final, a pessoa perdida passa a ser apenas uma lembrança, o sentimento de tristeza desaparece e a vida afetiva retoma seu curso voltando a ser possível novas ligações afetivas.
Para Freud (1916), "O luto, de modo geral, é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por diante”. “E segue dizendo que o luto normal é um processo longo e doloroso, que acaba por resolver-se por si só, quando o enlutado encontra objetos de substituição para o que foi perdido.”
"O trabalho de luto consiste, assim, num desinvestimento de um objeto, ao qual é mais difícil renunciar na medida em que uma parte de si mesmo se vê perdida nele” Mannoni (1995).
De acordo com Freud (1916), o trabalho de luto se realiza, de forma que toda libido é retirada das ligações com objeto amado, a realidade mostra que esse objeto não existe mais. Porém as pessoas nunca abandonam de boa vontade uma posição libidinal, nem mesmo na realidade quando encontra um substituto. Existe um período considerado necessário para a pessoa enlutada passar pela experiência da perda. Esse período não pode ser artificialmente prolongado ou reduzido, uma vez que o luto demanda tempo e energia para ser elaborado. Costuma-se considerar que o primeiro ano é importantíssimo para que a pessoa enlutada possa passar, pela primeira vez, por experiências e datas significativas, sem a pessoa que morreu (Kaplan 1997). Por outro lado, não podemos tomar isto como uma regra fixa, há muitos fatores que entram em cena, quando se trata de avaliar as condições do enlutado, seus recursos para enfrentar a perda e as necessidades que podem se apresentar. Para cada enlutado, sua perda é a pior, a mais difícil, pois cada pessoa é aquela que sabe dimensionar sua dor e seus recursos para enfrentá-la.
Para Freud e Melanie Klein uma das formas da pessoa liberar-se do luto é tendo a prova da realidade. Neste período a pessoa conseguirá se desligar e canalizar a libido para outro objeto.
Segundo Melanie Klein (1981), a dor sentida no lento processo do teste da realidade durante o trabalho penoso de luto parece ser devido, em parte, não somente à necessidade de renovar os vínculos com o mundo externo, mas também sim reexperimentar continuamente a perda, reconstruindo angustiosamente o mundo interno, que se sente estar em perigo de deterioração e colapso.
Entretanto Freud (1916), suspeita de que algumas pessoas, ao passar pela mesma situação de perda, em vez de luto, produzem melancolia, sendo esta uma disposição patológica do individuo. Para justificar essa premissa, o autor fez uma série de comparações entre o luto e a melancolia, tentando mostrar o que ocorre psiquicamente com o sujeito em ambos o caso.
Quadro teórico
Desde muito cedo, ainda bebês, segundo a interpretação de Melanie Klein (1981), a criança passa por um processo de interiorização quando elas começam ter relações primeiramente com a mãe, depois com seu pai e com outras pessoas. A criança ao incorporar seus pais, sente-os como pessoas vivas dentro do seu corpo, de modo concreto em que as profundas fantasias inconscientes são sentidas, elas são em sua mente, objetos interiores ou interiorizado.
Por isso todas as alegrias que a criança goza através da sua relação com a mãe são provas para ela que o objeto amado, dentro e fora do seu corpo, não esta lesado e não se transformara numa pessoa vingadora. O aumento do amor e da confiança através e a diminuição dos temores através de experiências felizes, ajudam a criança, passo a passo, a ultrapassar sua depressão e sentimento de perda (luto). (Melanie Klein, 1981).
A princípio, convivemos com separações temporárias, como por exemplo, a mudança de escola. Mas chega uma hora, que acontece a nossa primeira perda definitiva: alguém que nos é muito querido, um dia, se vai para sempre.
Segundo Kübler-Ross (1997), deve -se permitir que as crianças continuem em casa, onde ocorreu uma desgraça, e participem da conversa, das discussões e dos temores, faz com que não se sintam sozinhas na dor, dando-lhes conforto de uma responsabilidade e luto compartilhado. A autora segue ainda nos relatando que com isso a um incentivo para que encarem a morte como parte da vida, uma experiência que pode ajuda-las a crescer e amadurecer.
Freud, o trabalho de luto consiste principalmente no teste da realidade, ou seja, restabelecendo o contato com o mundo real, descobre e redescobre que a pessoa amada não existe mais. Já Klein o teste da realidade não se refere só a realidade externa, mas também a realidade interna. Mostra que a pessoa amada perdida estava identificada com os objetos bons internos, e que sua perda representa um desmoronamento de todo o mundo interno que deve ser reconstruído.
Quando existe a perda de uma pessoa amada, o sujeito acolhe dentro de si a pessoa que perdeu (reincorpora-a), mas também reinstala seus objetos bons interiorizados. Então a posição depressiva mais recuada e, com ela, as ansiedades, os sentimentos de culpa, de perda e de aflição, derivados da situação do seio materno, da situação de édipo e de outras fontes, tudo isso é reativado.
Quando o trabalho de reparação do objeto amado prejudicado está sendo efetuado, se no fundo da mente isso significa um triunfo sobre ele, a reparação fracassa e a culpa não é aliviada. O triunfo sobre o objeto internos que o bebê controla, humilha e tortura é uma parte do aspecto destrutivo da posição maníaca que perturba a reparação e a recriação de seu mundo interno e da paz e harmonia interna. E assim o triunfo impede o trabalho do luto primitivo. A morte da pessoa amada real pode despertar ódio, que na situação de luto é sentida como triunfo sobre o morto, e aumenta a culpa. No luto normal há também sentimento de triunfo sobre o morto, com a conseqüência de retardar o trabalho de luto ou aumentar as dificuldades e dor do enlutado (Simon, 1986).
Da mesma forma como a criança, passando pela posição depressiva, luta em seu inconsciente com a tarefa de estabelecer e integrar o mundo interno, assim também, o individuo em luto atravessa um estado maníaco depressivo, o sujeito enlutado sofre a pena de restabelecer e reintegrar esse mesmo mundo(Klein, 1981).
Para Melanie Klein o trabalho de luto implica na superação das regressões paranóides e dos mecanismos maníacos, ate que o mundo interno seja restaurado. Se a necessidades depressivas não puderem ser superadas pelo enlutado, resultara no luto anormal (excessiva ligação interminável ao morto, indiferença pela perda) ou doença mental.
Certas características do indivíduo podem fazer com que o processo de luto se torne patológico, o que para Freud (1916) era a melancolia, similar ao luto, mas de caráter patológico. Para Melanie Klein (1981) o processo do luto teria grande relação e semelhanças com o estado maníaco depressivos.
Conforme Freud (1916), no luto, há uma perda consciente. Na melancolia, a pessoa sabe quem perdeu, mas não o que perdeu nesse alguém. "A melancolia está de alguma forma relacionada a uma perda objetal retirada da consciência, em contraposição ao luto, no qual nada existe de inconsciente a respeito da perda”.
“Os traços mentais distintivos da melancolia são um desanimo profundamente penoso, a cessação de interesse pelo mundo, a perda da capacidade amar, a inibição de toda e qualquer atividade, e uma diminuição dos sentimentos de auto-estima a ponto de encontrar expressão de recriminação e auto-envelhimento, culminando numa expectativa delirante de punição” Freud (1916). Ainda citando Freud, (1916) o melancólico pode apresentar características de mania. “... o maníaco demonstra claramente sua liberação do objeto que causou seu sofrimento, procurando, como um homem vorazmente faminto, novas catexias objetais”.Ou seja, há uma busca indiscriminada de outros objetos nos quais o indivíduo possa investir.
O que se poderia dizer afinal é que, a pessoa melancólica coloca a si própria como culpada pela perda do objeto amado. Talvez a grande diferença entre o luto e melancolia para Freud é que no luto o mundo torna-se pobre, vazio e inexpressivo e na melancolia é o próprio ego”.Os sentimentos negativos são expressos contra o self, e a pessoa se torna deprimida, em Freud(1916)”O paciente representa seu ego para nós como se fosse desprovido de valor, incapaz de qualquer realização e moralmente desprezível...".
Conclusão
O luto é uma das experiências mais universais desorganizadoras e assustadoras que vivem o ser humano, entretanto a forma como individuo ira viver seu luto que identificara um surgimento de uma patologia (melancolia) ou desenvolvimento de um processo normal de perda.
E para criança diga-se segundo Melanie Klein (1981), ela deve ter absoluto acesso as experiências do luto desde o peito materno, é como ela tem esse acesso que ajudara num desenvolvimento normal do luto.E não é por outro motivo que Kluber-Ross (1997), afirma que o luto não deve ser escondido da criança, assim ela vai perceber que a morte faz parte da vida. A criança aprende que se podem ultrapassar tristezas, apoiando-se nos outros. É como se aprende a lidar com este luto ainda criança que vai nos dar condições de elaborar novos lutos na vida adulta, que seria a prova da realidade descrita por Freud (1916), Melanie Klein (1981).
Passamos por essas fases de luto muitas vezes em nossas vidas, fazendo-se necessário olharmos para nós mesmos e reinvestirmos nossa energia, vivendo dia-a-dia até que tenhamos ultrapassado esses momentos difíceis. Podemos, no entanto, aprender a conviver com a dor, se o trabalho de luto for bem sucedido, pode levar a enriquecimento, transformando-a (sublimação) em um movimento positivo que possa ajudar ao mundo e a nós mesmos.
Por fim é o mais importante ressaltar que, o profissional devera saber diferenciar o processo de luto, normal e a melancolia (Freud, 1916) ou luto patológico Melanie Klein(1981), podendo assim traçar um diagnostico do cliente.
Referências Bibliograficas:
Freud, S. Luto e Melancolia. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XIV, Imago, Rio de Janeiro, 1914-1916.
Kübler-Ross, E. Sobre a morte e o morrer. 8ª edição. Martins Fontes, São Paulo, 1997.
Klein, M. Contribuições à psicanálise. São Paulo, Mestre Jou,1981.
Kaplan,H: Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clinica. 7a edição.Artmed,1997.
Mannoni, M. O nomeável e o inominável. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1995
Simon, R.Introdução a psicanálise:Melanie Klein.3aedição. EPU,São Paulo,1986.
Para Freud (1916), "O luto, de modo geral, é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por diante”. “E segue dizendo que o luto normal é um processo longo e doloroso, que acaba por resolver-se por si só, quando o enlutado encontra objetos de substituição para o que foi perdido.”
"O trabalho de luto consiste, assim, num desinvestimento de um objeto, ao qual é mais difícil renunciar na medida em que uma parte de si mesmo se vê perdida nele” Mannoni (1995).
De acordo com Freud (1916), o trabalho de luto se realiza, de forma que toda libido é retirada das ligações com objeto amado, a realidade mostra que esse objeto não existe mais. Porém as pessoas nunca abandonam de boa vontade uma posição libidinal, nem mesmo na realidade quando encontra um substituto. Existe um período considerado necessário para a pessoa enlutada passar pela experiência da perda. Esse período não pode ser artificialmente prolongado ou reduzido, uma vez que o luto demanda tempo e energia para ser elaborado. Costuma-se considerar que o primeiro ano é importantíssimo para que a pessoa enlutada possa passar, pela primeira vez, por experiências e datas significativas, sem a pessoa que morreu (Kaplan 1997). Por outro lado, não podemos tomar isto como uma regra fixa, há muitos fatores que entram em cena, quando se trata de avaliar as condições do enlutado, seus recursos para enfrentar a perda e as necessidades que podem se apresentar. Para cada enlutado, sua perda é a pior, a mais difícil, pois cada pessoa é aquela que sabe dimensionar sua dor e seus recursos para enfrentá-la.
Para Freud e Melanie Klein uma das formas da pessoa liberar-se do luto é tendo a prova da realidade. Neste período a pessoa conseguirá se desligar e canalizar a libido para outro objeto.
Segundo Melanie Klein (1981), a dor sentida no lento processo do teste da realidade durante o trabalho penoso de luto parece ser devido, em parte, não somente à necessidade de renovar os vínculos com o mundo externo, mas também sim reexperimentar continuamente a perda, reconstruindo angustiosamente o mundo interno, que se sente estar em perigo de deterioração e colapso.
Entretanto Freud (1916), suspeita de que algumas pessoas, ao passar pela mesma situação de perda, em vez de luto, produzem melancolia, sendo esta uma disposição patológica do individuo. Para justificar essa premissa, o autor fez uma série de comparações entre o luto e a melancolia, tentando mostrar o que ocorre psiquicamente com o sujeito em ambos o caso.
Quadro teórico
Desde muito cedo, ainda bebês, segundo a interpretação de Melanie Klein (1981), a criança passa por um processo de interiorização quando elas começam ter relações primeiramente com a mãe, depois com seu pai e com outras pessoas. A criança ao incorporar seus pais, sente-os como pessoas vivas dentro do seu corpo, de modo concreto em que as profundas fantasias inconscientes são sentidas, elas são em sua mente, objetos interiores ou interiorizado.
Por isso todas as alegrias que a criança goza através da sua relação com a mãe são provas para ela que o objeto amado, dentro e fora do seu corpo, não esta lesado e não se transformara numa pessoa vingadora. O aumento do amor e da confiança através e a diminuição dos temores através de experiências felizes, ajudam a criança, passo a passo, a ultrapassar sua depressão e sentimento de perda (luto). (Melanie Klein, 1981).
A princípio, convivemos com separações temporárias, como por exemplo, a mudança de escola. Mas chega uma hora, que acontece a nossa primeira perda definitiva: alguém que nos é muito querido, um dia, se vai para sempre.
Segundo Kübler-Ross (1997), deve -se permitir que as crianças continuem em casa, onde ocorreu uma desgraça, e participem da conversa, das discussões e dos temores, faz com que não se sintam sozinhas na dor, dando-lhes conforto de uma responsabilidade e luto compartilhado. A autora segue ainda nos relatando que com isso a um incentivo para que encarem a morte como parte da vida, uma experiência que pode ajuda-las a crescer e amadurecer.
Freud, o trabalho de luto consiste principalmente no teste da realidade, ou seja, restabelecendo o contato com o mundo real, descobre e redescobre que a pessoa amada não existe mais. Já Klein o teste da realidade não se refere só a realidade externa, mas também a realidade interna. Mostra que a pessoa amada perdida estava identificada com os objetos bons internos, e que sua perda representa um desmoronamento de todo o mundo interno que deve ser reconstruído.
Quando existe a perda de uma pessoa amada, o sujeito acolhe dentro de si a pessoa que perdeu (reincorpora-a), mas também reinstala seus objetos bons interiorizados. Então a posição depressiva mais recuada e, com ela, as ansiedades, os sentimentos de culpa, de perda e de aflição, derivados da situação do seio materno, da situação de édipo e de outras fontes, tudo isso é reativado.
Quando o trabalho de reparação do objeto amado prejudicado está sendo efetuado, se no fundo da mente isso significa um triunfo sobre ele, a reparação fracassa e a culpa não é aliviada. O triunfo sobre o objeto internos que o bebê controla, humilha e tortura é uma parte do aspecto destrutivo da posição maníaca que perturba a reparação e a recriação de seu mundo interno e da paz e harmonia interna. E assim o triunfo impede o trabalho do luto primitivo. A morte da pessoa amada real pode despertar ódio, que na situação de luto é sentida como triunfo sobre o morto, e aumenta a culpa. No luto normal há também sentimento de triunfo sobre o morto, com a conseqüência de retardar o trabalho de luto ou aumentar as dificuldades e dor do enlutado (Simon, 1986).
Da mesma forma como a criança, passando pela posição depressiva, luta em seu inconsciente com a tarefa de estabelecer e integrar o mundo interno, assim também, o individuo em luto atravessa um estado maníaco depressivo, o sujeito enlutado sofre a pena de restabelecer e reintegrar esse mesmo mundo(Klein, 1981).
Para Melanie Klein o trabalho de luto implica na superação das regressões paranóides e dos mecanismos maníacos, ate que o mundo interno seja restaurado. Se a necessidades depressivas não puderem ser superadas pelo enlutado, resultara no luto anormal (excessiva ligação interminável ao morto, indiferença pela perda) ou doença mental.
Certas características do indivíduo podem fazer com que o processo de luto se torne patológico, o que para Freud (1916) era a melancolia, similar ao luto, mas de caráter patológico. Para Melanie Klein (1981) o processo do luto teria grande relação e semelhanças com o estado maníaco depressivos.
Conforme Freud (1916), no luto, há uma perda consciente. Na melancolia, a pessoa sabe quem perdeu, mas não o que perdeu nesse alguém. "A melancolia está de alguma forma relacionada a uma perda objetal retirada da consciência, em contraposição ao luto, no qual nada existe de inconsciente a respeito da perda”.
“Os traços mentais distintivos da melancolia são um desanimo profundamente penoso, a cessação de interesse pelo mundo, a perda da capacidade amar, a inibição de toda e qualquer atividade, e uma diminuição dos sentimentos de auto-estima a ponto de encontrar expressão de recriminação e auto-envelhimento, culminando numa expectativa delirante de punição” Freud (1916). Ainda citando Freud, (1916) o melancólico pode apresentar características de mania. “... o maníaco demonstra claramente sua liberação do objeto que causou seu sofrimento, procurando, como um homem vorazmente faminto, novas catexias objetais”.Ou seja, há uma busca indiscriminada de outros objetos nos quais o indivíduo possa investir.
O que se poderia dizer afinal é que, a pessoa melancólica coloca a si própria como culpada pela perda do objeto amado. Talvez a grande diferença entre o luto e melancolia para Freud é que no luto o mundo torna-se pobre, vazio e inexpressivo e na melancolia é o próprio ego”.Os sentimentos negativos são expressos contra o self, e a pessoa se torna deprimida, em Freud(1916)”O paciente representa seu ego para nós como se fosse desprovido de valor, incapaz de qualquer realização e moralmente desprezível...".
Conclusão
O luto é uma das experiências mais universais desorganizadoras e assustadoras que vivem o ser humano, entretanto a forma como individuo ira viver seu luto que identificara um surgimento de uma patologia (melancolia) ou desenvolvimento de um processo normal de perda.
E para criança diga-se segundo Melanie Klein (1981), ela deve ter absoluto acesso as experiências do luto desde o peito materno, é como ela tem esse acesso que ajudara num desenvolvimento normal do luto.E não é por outro motivo que Kluber-Ross (1997), afirma que o luto não deve ser escondido da criança, assim ela vai perceber que a morte faz parte da vida. A criança aprende que se podem ultrapassar tristezas, apoiando-se nos outros. É como se aprende a lidar com este luto ainda criança que vai nos dar condições de elaborar novos lutos na vida adulta, que seria a prova da realidade descrita por Freud (1916), Melanie Klein (1981).
Passamos por essas fases de luto muitas vezes em nossas vidas, fazendo-se necessário olharmos para nós mesmos e reinvestirmos nossa energia, vivendo dia-a-dia até que tenhamos ultrapassado esses momentos difíceis. Podemos, no entanto, aprender a conviver com a dor, se o trabalho de luto for bem sucedido, pode levar a enriquecimento, transformando-a (sublimação) em um movimento positivo que possa ajudar ao mundo e a nós mesmos.
Por fim é o mais importante ressaltar que, o profissional devera saber diferenciar o processo de luto, normal e a melancolia (Freud, 1916) ou luto patológico Melanie Klein(1981), podendo assim traçar um diagnostico do cliente.
Referências Bibliograficas:
Freud, S. Luto e Melancolia. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XIV, Imago, Rio de Janeiro, 1914-1916.
Kübler-Ross, E. Sobre a morte e o morrer. 8ª edição. Martins Fontes, São Paulo, 1997.
Klein, M. Contribuições à psicanálise. São Paulo, Mestre Jou,1981.
Kaplan,H: Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clinica. 7a edição.Artmed,1997.
Mannoni, M. O nomeável e o inominável. Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1995
Simon, R.Introdução a psicanálise:Melanie Klein.3aedição. EPU,São Paulo,1986.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Qual a diferença entre Ética e Moral, na Filosofia, na História e na Sociologia?

- A moral tem um carácter:
o Prático imediato
o Restrito
o Histórico
o Relativo
- A ética:
o Reflexão filosófica sobre a moral
o Procura justificar a moral
o O seu objecto é o que guia a acção
o O objectivo é guiar e orientar racionalmente a vida humana
Apesar de terem um fim semelhante: ajudar o Homem a construir um bom carácter para ser humanamente íntegro; a ética e a moral são muito distintas.
A moral tem um carácter prático imediato, visto que faz parte integrante da vida quotidiana das sociedade e dos indivíduos, não só por ser um conjunto de regras e normas que regem a nossa existência, dizendo-nos o que devemos ou não fazer, mas também porque está presente no nosso discurso e influencia os nossos juízos e opiniões. A noção do imediato vem do facto de a usarmos continuamente. A ética, pelo contrário, é uma reflexão filosófica, logo puramente racional, sobre a moral.
Assim, procura justificá-la e fundamentá-la, encontrando as regras que, efectivamente, são importantes e podem ser entendidas como uma boa conduta a nível mundial e aplicável a todos os sujeitos, o que faz com que a ética seja de carácter universalista, por oposto ao carácter restrito da moral, visto que esta pertence a indivíduos, comunidades e/ou sociedades, variando de pessoa para pessoa, de comunidade para comunidade, de sociedade para sociedade. O objecto de estudo da ética é, portanto, o que guia a acção: os motivos, as causas, os princípios, as máximas, as circunstâncias; mas também analisa as consequências dessas acções.
A moral também se apresenta como histórica, porque evolui ao longo do tempo e difere no espaço, assim como as próprias sociedades e os costumes. No entanto, uma norma moral não pode ser considerada uma lei, apesar da semelhança, porque não está escrita, mas sim como base das leis, pois a grande maioria das leis é feita tendo em conta normas morais. Outra importante característica da moral (e esta sim a difere da lei) é o facto desta ser relativa, porque algo só é considerado moral ou imoral segundo um determinado código moral, sendo este diferente de indivíduo para indivíduo.
Finalmente, a ética tem como objectivo fundamental levar a modificações na moral, com aplicação universal, guiando, orientando, racionalmente e do melhor modo a vida humana.
domingo, 12 de julho de 2009
Sigmund Freud - O mestre do inconsciente

Médico neurologista e fundador da psicanálise, Freud apresentou ao mundo o inconsciente e explorou a mente humana. Sigmund Freud ficou conhecido como um dos maiores pensadores do século XX e o pai de muitas das teorias psicanalistas aplicadas atualmente. Freud explorou a psique, desenvolveu uma teoria de personalidade, estudou histeria, neuroses e sonhos, entre tantos trabalhos.
SUA VIDA
Sigmund Freud nasceu em 1856 na pequena cidade de Freiberg, na Morávia, então parte do Império Austro-Húngaro (atualmente é a República Checa). Seu pai, Jacob, era um modesto comerciante e sua mãe, Amália, era a terceira esposa de Jacob. Freud nasceu de uma família judaica e foi o primogênito de sete irmãos.
Aos três anos de idade, a família Freud se mudou para Viena, devido ao aumento do anti-semitismo na Morávia. A cidade de Viena proporcionava aos judeus boas perspectivas econômicas, participação política e aceitação social.
Desde pequeno Freud era brilhante nos estudos e primeiro da classe. Devido à sua performance acadêmica e uma preferência de sua mãe, Freud teve o privilégio de ter um quarto só para si, onde pode estudar em paz.
Em 1873, aos 17 anos, Freud ingressou na faculdade de Medicina da Universidade de Viena. Nos anos de faculdade trabalhou em um laboratório de neurofisiologia, até sua formatura, em 1881.
Em 1882, Freud conheceu e se apaixonou por Martha Bernays. Ficaram noivos secretamente até terem dinheiro suficiente para se casarem, o que veio a ocorrer quatro anos depois, em 1886, quando Freud já possuía um consultório particular. Tiveram seis filhos. A mais nova, Ana, confidente, secretária, enfermeira, discípula e porta-voz do pai, também se tornou uma eminente psicanalista.
Antes de se casarem, Freud trabalhou durante seis meses em Paris com o neurologista francês Jean-Martin Charcot. Com este, observou o uso da hipnose no tratamento da histeria e viu estimulado seu interesse para os distúrbios mentais. Nos anos seguintes tornou-se especialista em doenças nervosas e fundamentou a teoria psicanalítica da mente.
Freud obteve um grupo de admiradores e seguidores que se reuniam com ele semanalmente. Entre eles se encontravam Alfred Adler e Carl Jung, famosos psicanalistas que acabaram se desligando de Freud para desenvolver suas próprias linhas. O desligamento de Jung foi muito doloroso para Freud. Eram bons amigos e Freud via em Jung a pessoa que iria continuar a transmitir seu trabalho.
A primeira Guerra Mundial teve um grande impacto em Freud e no movimento psicanalítico. O fim da guerra trouxe grandes modificações político-geográficas e os tratados foram particularmente severos com os países vencidos. Viena sofria de fome, frio e desespero. Voltaram as epidemias mortais, como tuberculose e gripe. Em 1920, Freud perdeu sua segunda filha, Sophie, vitima de uma epidemia. Afetado pela guerra e pela morte de sua filha, Freud escreveu "Além do Princípio do Prazer", onde ele reconheceu o instinto da morte.
Em 1923, Freud passou pela primeira de uma série de cirurgias para extrair um tumor no palato. A partir desse momento Freud passou a ter dificuldades para falar, sentia dores horríveis e desconforto.
Em 1930 publicou "Civilização e seus Descontentamentos", lançando um olhar pessimista e desiludido sobre a civilização moderna à beira da catástrofe.
Com a ascensão de Hitler, Freud, já velho e cansado, não desejava sair de Viena. Em 1938, quando os Nazistas entraram em Viena, Freud, sendo judeu, não teve escolha, a não ser emigrar. Freud foi com sua família para Londres, onde passou o final de sua vida.
SUAS TEORIAS
No esforço de compreender melhor seus pacientes, Freud iniciou um difícil processo de auto-análise. Freud trabalhou com introspecção e interpretação de seus próprios sonhos. Em 1896, Freud utilizou pela primeira vez o termo psicanálise.
Freud acreditava que histeria era uma forma de manifestação da neurose, na qual emoções reprimidas levariam aos sintomas da histeria. Estes sintomas poderiam desaparecer se o paciente conseguisse expressar as emoções reprimidas que lhe impediam de lidar com uma vida normal. Com isso, Freud trabalhou no desenvolvimento de formas que atingissem essas emoções reprimidas.
Freud desenvolveu a livre associação; uma técnica psicanalítica onde o paciente fala tudo que lhe vem à mente e ao falar surge sentimentos e memórias reprimidas. A livre associação é considerada uma das formas de se penetrar no inconsciente, podendo assim trabalhar pela terapia em cima dessas experiências e entender a causa da neurose.
Freud acreditava que a outra forma de penetrar no inconsciente seria através dos sonhos. Em 1899, Freud publicou "A interpretação dos Sonhos". Freud acreditava que os sonhos eram uma manifestação de nossos desejos e trabalhando com eles se podia chegar às memórias e sentimentos profundamente reprimidos.
Segundo Freud, outra manifestação de desejos reprimidos surge através de lapsos de língua e esquecimentos. Freud publicou essa teoria no livro "Psicopatologia da Vida Cotidiana". Nos procedimentos mentais ele não admitia a existência de meros acidentes: o pensamento aparentemente mais sem sentido, o lapso mais casual, o sonho mais fantástico possuem um significado que pode servir para desvendar os segredos da mente.
Freud explorou o conceito de que existe um conflito dentro das pessoas. O conflito seria de um instinto animal, que não seria aceito pela sociedade, causando então uma resistência da pessoa ao instinto. A pessoa reprime o instinto para o inconsciente e procura substituí-lo por outros métodos de compensação. Em sua teoria, Freud identifica vários métodos de compensação.
Em 1905 Freud publicou os "Três Ensaios sobre a Sexualidade". Freud afirmava a importância do impulso sexual, ou libido, vivido nos primeiros quatro ou cinco anos de vida.
Em 1923, quase com setenta anos, em seu estudo clássico "O Ego e o Id", completou a revisão de suas teorias. Formulou um modelo estrutural da mente como constituída de três partes distintas, mas que interagem entre si. Essas partes são o id, o ego e o superego. O id é o inconsciente, o superego é o consciente e o ego é o mediador entre o id e o superego. Essa é considerada a teoria de Freud da personalidade humana.
Platão de Atenas

Platão de Atenas (Atenas,428/27– Atenas, 347 a.C.) foi um filósofo grego.
Discípulo de Sócrates, fundador da Academia e mestre de Aristóteles. Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles; Platão era um apelido que, provavelmente, fazia referência à sua característica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua ampla capacidade intelectual de tratar de diferentes temas. Πλάτος (plátos) em grego significa amplitude, dimensão, largura. Sua filosofia é de grande importância e influência. Platão ocupou-se com vários temas, entre eles ética, política, metafísica e teoria do conhecimento.
Vida
Platão nasceu em Atenas, provavelmente em 427 a.C. e morreu em 347 a.C. um ano após a morte do estadista Péricles. Seu pai, Aristão, tinha como ancestral o rei Codros e sua mãe, Perictione, tinha Sólon entre seus antepassados. Inicialmente, Platão entusiasmou-se com a filosofia de Crátilo, um seguidor de Heráclito. No entanto, por volta dos 20 anos, encontrou o filósofo Sócrates e tornou-se seu discípulo até a morte deste. Pouco depois de 399 a.C., Platão esteve em Mégara com alguns outros discípulos de Sócrates, hospedando-se na casa de Euclides. Em 388 a.C., quando já contava quarenta anos, Platão viajou para a Magna Grécia com o intuito de conhecer mais de perto comunidades pitagóricas. Nesta ocasião, veio a conhecer Arquitas de Tarento. Ainda durante essa viagem, Dionísio I convidou Platão para ir à Siracusa, na Sicília. Platão partiu para Siracusa com a esperança de lá implantar seus ideais políticos. No entanto, acabou se desentendendo com o tirano local e retornou para Atenas.
Em seu retorno, fundou a Academia. A instituição logo adquiriu prestígio e a ela acorriam inúmeros jovens em busca de instrução e até mesmo homens ilustres a fim de debater idéias. Em 367 a.C., Dionísio I morreu, e Platão retornou a Siracusa a fim de mais uma vez tentar implementar suas idéias políticas na corte de Dionísio II. No entanto, o desejo do filósofo foi novamente frustrado. Em 361 a.C. voltou pela última vez à Siracusa com o mesmo objetivo e pela terceira vez fracassa. De volta para Atenas em 360 a.C., Platão permaneceu na direção da Academia até sua morte, em 347 a.C.
Em linhas gerais, Platão desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens das realidades inteligíveis.
Tal concepção de Platão também é conhecida por Teoria das Idéias ou Teoria das Formas. Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon e constitui uma maneira de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer uma inteligibilidade relativa aos fenômenos.
Para Platão, o mundo concreto percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Idéias. Cada objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objetos de sua categoria de uma Idéia perfeita. Uma determinada caneta, por exemplo, terá determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). Outra caneta terá outros atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra. Aquilo que faz com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Idéia de Caneta, perfeita, que esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da Idéia desse objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas como o ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.
O problema que Platão propõe-se a resolver é a tensão entre Heráclito e Parmênides: para o primeiro, o ser é a mudança, tudo está em constante movimento e é uma ilusão a estaticidade, ou a permanência de qualquer coisa; para o segundo, o movimento é que é uma ilusão, pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é não pode passar a ser; assim, não há mudança.
Por exemplo, o que faz com que determinada árvore seja ela mesma desde o estágio de semente até morrer, e o que faz com que ela seja tão árvore quanto outra de outra espécie, com características tão diferentes? Há aqui uma mudança, tanto da árvore em relação a si mesma (com o passar do tempo ela cresce) quanto da árvore em relação a outra. Para Heráclito, a árvore está sempre mudando e nunca é a mesma, e para Parmênides, ela nunca muda, é sempre a mesma e sua mudança é uma ilusão .
Platão resolve esse problema com sua Teoria das Idéias. O que há de permanente em um objeto é a Idéia; mais precisamente, a participação desse objeto na sua Idéia correspondente. E a mudança ocorre porque esse objeto não é uma Idéia, mas uma incompleta representação da Idéia desse objeto. No exemplo da árvore, o que faz com que ela seja ela mesma e seja uma árvore (e não outra coisa), a despeito de sua diferença daquilo que era quando mais jovem e de outras árvores de outras espécies (e mesmo das árvores da mesma espécie) é a sua participação na Idéia de Árvore; e sua mudança deve-se ao fato de ser uma pálida representação da Idéia de Árvore.
Platão também elaborou uma teoria gnosiológica, ou seja, uma teoria que explica como se pode conhecer as coisas, ou ainda, uma teoria do conhecimento. Segundo ele, ao ver um objeto repetidas vezes, uma pessoa se lembra, aos poucos, da Idéia daquele objeto que viu no mundo das Idéias. Para explicar como se dá isso, Platão recorre a um mito (ou uma metáfora) segundo a qual, antes de nascer, a alma de cada pessoa vivia em uma estrela, onde se localizam as Idéias. Quando uma pessoa nasce, sua alma é "jogada" para a Terra, e o impacto que ocorre faz com que esqueça o que viu na estrela. Mas, ao ver um objeto aparecer de diferentes formas (como as diferentes árvores que se pode ver), a alma se recorda da Idéia daquele objeto que foi visto na estrela. Tal recordação, em Platão, chama-se anamnesis.
A reminiscência
Uma das condições para a indagação ou investigação acerca das Idéias é que não estamos em estado de completa ignorância sobre elas. Do contrário, não teríamos nem o desejo nem o poder de procurá-las. Em vista disso, é uma condição necessária, para tal investigação, que tenhamos em nossa alma alguma espécie de conhecimento ou lembrança de nosso contato com as Idéias (contato esse ocorrido antes do nosso próprio nascimento) e nos recordemos das Idéias ao vê-las reproduzidas palidamente nas coisas.
Deste modo, toda a ciência platônica é uma reminiscência. A investigação das Idéias supõe que as almas preexistiram em uma região divina onde contemplavam as Idéias. Podemos tomar como exemplo o Mito da Parelha Alada, localizado no diálogo Fedro, de Platão. Neste diálogo, Platão compara a raça humana a carros alados. Tudo o que fazemos de bom, dá forças às nossas asas. Tudo o que fazemos de errado, tira força das nossas asas. Ao longo do tempo fizemos tantas coisas erradas que nossas asas perderam as forças e, sem elas para nos sustentarmos, caímos no Mundo Sensível, onde vivemos até hoje. A partir deste momento, fomos condenados a vermos apenas as sombras do Mundo das Idéias.
Amor
No Simpósio, de Platão, Sócrates revela que foi a sacerdotisa Diotima de Mantinea que o iniciou nos conhecimentos e na genealogia do amor. As idéias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platônico do amor.
Conhecimento
Platão não buscava as verdadeiras essências da forma física como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a verdade essencial das coisas. Platão não poderia buscar a essência do conhecimento nas coisas, pois estas são corruptíveis, ou seja, variam, mudam, surgem e se vão. Como o filósofo busca a verdade plena, deve buscá-la em algo estável, nas verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar e, se há uma verdade essencial para os homens, esta verdade deve valer para todas as pessoas. Logo, a verdade deve ser buscada em algo superior.
Como seu mestre Sócrates, Platão busca descobrir as verdades essenciais das coisas. As coisas devem ter um outro fundamento, além do físico, e a forma de buscar estas realidades vem do conhecimento, não das coisas mas do além das coisas. Esta busca racional é contemplativa. Isto significa buscar a verdade no interior do próprio homem, não meramente como sujeito particular, mas como participante das verdades essenciais do ser.
O conhecimento era o conhecimento do próprio homem, mas sempre ressaltando o homem não enquanto corpo, mas enquanto alma. O conhecimento contido na alma era a essência daquilo que existia no mundo sensível. Portanto, em Platão, também a técnica e o mundo sensível eram secundários. A alma humana enquanto perfeita participa do mundo perfeito das idéias, porém este formalismo só é reconhecível na experiência sensível.
Também o conhecimento tinha fins morais, isto é, levar o homem à bondade e à felicidade. Assim a forma de conhecimento era um reconhecimento, que faria o homem dar-se conta das verdades que sempre possuíra e que o levavam a discernir melhor dentre as aparências de verdades e as verdades. A obtenção do autoconhecimento era um caminho árduo e metódico.
Quanto ao mundo material, o homem poderia ter somente a doxa (opinião) e téchne (técnica), que permitia a sua sobrevivência, ao passo que, no mundo das idéias, o homem pode ter a épisthéme, o conhecimento verdadeiro, o conhecimento filosófico,.
Platão não defendia que todas as pessoas tivessem igual acesso à razão. Apesar de todos terem a alma perfeita, nem todos chegavam à contemplação absoluta do mundo das idéias.
Política
Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente." (Platão, Carta Sétima, 326b).
Esta afirmação de Platão deve ser compreendida com base na teoria do conhecimento, e lembrando que o conhecimento para Platão tem fins morais.
Todo o projecto político platónico foi traçado a partir da convicção de que a Cidade-Estado ideal deveria ser obrigatoriamente governada por alguém dotado de uma rigorosa formação filosófica.
Platão acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma, que corresponderiam aos estamentos da pólis:
A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça do Estado, ou seja, o governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a razão.
A segunda espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do Estado, isto é, os soldados ou guardiães da pólis, pois sua alma de prata é imbuída de vontade. E, por fim,
A terceira virtude, a temperança, que deveria ser o baixo-ventre do Estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se pelo desejo das coisas sensíveis.
O homem e a alma
O homem para Platão era dividido em corpo e alma. O corpo era a matéria e a alma era o imaterial e o divino que o homem possuía. Enquanto o corpo está em constante mudança de aparência, a alma não muda nunca. Desde quando nascemos, temos a alma perfeita, porém não sabemos. As verdades essenciais estão inscritas na alma eternamente, porém, ao nascermos, nós as esquecemos, pois a alma é aprisionada no corpo.
Para Platão a alma é divida em três partes:
1 Racional: cabeça; esta tem que controlar as outras duas partes. Sua virtude é a sabedoria ou prudência (phrónesis).
2 Irascível: tórax; parte da impetuosidade, dos sentimentos. Sua virtude é a coragem (andreía).
3 Concupiscente: baixo ventre; apetite, desejo, mesmo carnal (sexual), ligado ao libido. Sua virtude é a moderação ou temperança (sophrosýne).
Platão acreditava que a alma depois da morte reencarnava em outro corpo, mas a alma que se ocupava com a filosofia e com o Bem, esta era privilegiada com a morte do corpo. A ela era concedida o privilégio de passar o resto dos seus tempos em companhia dos deuses.
Por meio da relação de sua alma com a Alma do Mundo, o homem tem acesso ao mundo das Idéias e aspira ao conhecimento e às idéias do Bem e da Justiça. A partir da contemplação do mundo das Idéias, o Demiurgo, tal como Platão descreveu no Timeu, organizou o mundo sensível. Não se trata de uma criação ex nihilo, isto é, do nada, como no caso do Deus judaico-cristão, pois o Demiurgo não criou a matéria (Timeu, 53b) nem é a fonte da racionalidade das Idéias por ele contempladas. A ação do homem se restringe ao mundo material; no mundo das Idéias o homem não pode transformar nada. Pois o que é perfeito, não pode ser mais perfeito.
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